domingo, 6 de novembro de 2011

O louco poeta das ruas poema de Alan André de Figueiredo

A folha em branco
não há segunda chance
as palavras vão fluindo

e vou com elas a ser um eu
fluido e perdido
um eu que jamais fui e jamais serei
um eu perplexo preso neste instante

neste nada
revestido de todas as verdades
vou meio que no meio
vivendo vidas de um inteiro

eis que o verbo poder
assalta-me a mente
possibilidades que não foram
de um lado oposto e mesmo

a vida que pulsa e empurra meus braços
minhas pernas que vão andando
e vou me perdendo nas quinas dos muros
limpando a limpeza de prédios altos

sou o que teve só qualidades
o que não deu sorte na vida
escrevo para quem?
Se não para praguejar todo este esquema

um esquema a muito já sabido
praticado com os fracos
cheios de força e pulmão
tolerados no limite do silêncio

camuflados de sujeira e pó
cobertores por todos os cantos
vou cantando a vida
e louvando a grandeza deste universo

faço minha reza enfrente ao bar
esquinas da minha solidão
eis que um policial se aproxima
fujo como se não tivesse ali

ainda posso sentir
o gosto da cachaça na boca
paro em outra esquina
e agora vou louvar o sol que já vai

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