sexta-feira, 20 de abril de 2012

Baratas Japonesas poema de Dudu Pererê,


         Você solta uma barata no limpo e ela se vira; tu soltas o bicho no sujo e ele se ajeita; mas se jogar o bichano no lixo, ela chega até te dar um beijo. A barata é depois do pombo, o ser mais bem adaptado à grande cidade. O barato da barata é camalear seus hábitos de acordo com o habitat que é imposto pela sociedade. O custo à população não é barato não, pois espalham-se pelo mundo baratas muito mais brabas: as Taturanas-do-Japão.
            A bomba atômica deixou as baratas japonesas muito mais cascudas e escaldadas. Já não vadeiam solitárias pelas ruas de Hiroxima, agora escolhem cuidadosamente o recanto onde transam e procriam até as tantas da madrugada, para depois saírem todas juntas voadoras, drogadas de naftalina. Este tipo de besouro é mais crocante e resistente do que a tradicional Barata-de-Bueiro, e já sabem voar desde bem pequenas.
Pela manhã já não se sofre os seus assaltos à residência, mas na conseqüência, elas agora vêm sempre voando em bando e pousam suas patinhas serrilhadas na pessoa em busca de coisa doce, na procura da larica. Dão o completo baculejo no sujeito que se estiver limpeza, pode até se salvar (depende também da fome, do momento e do lugar).
Progridem seus vôos incertos, espalham um cheiro quente de bueiro, aguardando o fim da nossa guerra e a herança que lhes compete: o planeta Terra.
 

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